II - OS DETALHES E A MORTE EM MARCHA
Comentário – Temos uma pessoa na Fase B, e não estamos cem por cento seguros, se ainda pertence à Rosa Cruz. Porém, ele vai, ele vem. Coisas da vida. E, quando ele vem, há um fogueio, ele se fogueia normal; porém, não tem ainda claras as coisas sobre a eliminação do ego ou algo assim, e as práticas... Eu creio que é isso o que o tranca.
V.M. Rabolu – É que, na eliminação do ego, havia um conflito, ou quase impossível, tal como o entregou o Mestre Samael.
Suponhamos, olhe: Esta é uma árvore com muitas raízes. Não? Tem a raiz principal, tem quantidade de raízes pequeníssimas que dependem dela, assim.
Bem, suponhamos que este é um ego da ira, do orgulho, qualquer ego.
É impossível chegarmos a compreender este ego, se tem todos estes derivados dele, pois vem a ser o alimento da árvore.
Uma árvore, por exemplo, qualquer árvore que seja, tem sua raiz principal, que é a que sustenta a árvore, para não deixá-la cair, e lança outras grossas para todos os lados que a ajudam a se sustentar, para que o vento não a tombe. Porém, dessas raízes grossas, que são estas, dependem milhares de raízes pequeníssimas, que são as que alimentam a árvore. As outras raízes grossas não fazem senão sustentá-la aí. Porém, ela se alimenta de todas essas ramificações de raízes que lança, porque essas vão para a superfície da terra, arrastando as vitaminas de que necessita a árvore. O sustento.
Então, isso acontece exatamente igual com o nosso ego ou os egos.
Temos o ego da ira. Porém, deste dependem muitíssimos, que são os que o alimentam. O ego se sustenta por todas essas raízes, todas essas ramificações diminutas, que são os detalhes. Pelos detalhes está vivo o ego. Se começamos a tirar-lhes as raízes, começa a se desnutrir e a morrer. Do contrário não podemos.
Então, como dá o Mestre: “Que acabar o ego da ira...”. Porém, quantos egos da ira, ou manifestações, tem esse elemento? Então, como os compreender? Não os podemos compreender.
Então, se começamos a tirar o alimento ao ego, então, sim, começa-se a compreendê-lo e começa a perder força. Isso é inevitável.
O Mestre fala em outros termos disto, tal como eu o estou explicando. Ele usava outros termos: “Temos que morrer de momento em momento, de instante em instante”.. Essa frase eu não a entendia e dizia: Porém, como? Que vai morrer de instante em instante, de momento em momento? Ele se refere a estas manifestações diminutas, às quais não lhe damos bolas, que se pensa que não são defeitos. E esse é o alimento que está alimentando o defeito, por todas essas raízes diminutas, vão e vão alimentando o defeito.
Então, se começamos a lhe tirar isso, o defeito morre, ou, melhor dito, o ego morre. Começa a decair duma vez, porque ele se alimenta por tudo isto. Então, é a vida dele. Se começamos a lhe tirar isso, o resultado é a morte.
Olhem, eu comecei a morrer foi com os detalhes. Isto que lhes estou dizendo dos detalhes, não o estou falando por teoria. Estou falando que fiz assim meu trabalho desde que comecei a Gnose, com estes detalhes.
Porém, eu não sabia que era morrer, senão que por estes detalhes se vai, por exemplo, vai-se receber uma iniciação. Chamam-nos para nos entregar uma iniciação que se ganhou. Aparecem-nos todos estes detalhezinhos no caminho. E por um detalhe desses se pode perder uma iniciação, um grau. Então eu comecei, como eu saía mal no interno, quando eu ia receber um grau, por um detalhe desses eu ficava. Então eu ganhava era uma grande repreensão dos Mestres e então já voltava para cá, porque nos dizem: “Vai à escola, para aprender! Não sabes nada!”. Porém, ralhado.
Então vinha eu para dar duro a esses detalhes. E comecei, e então saía bem nas provas que me davam, porque então são provas que nos dão. Então já recebia meu grau, o que me iam pagar.
E então eu comecei a trabalhar foi com os detalhes, desde que eu comecei a Gnose; porém, não sabia que era morte, senão era para sair bem nos chamados que me faziam, para me fazer um pagamento; porque, para nos fazer um pagamento, chamam-nos. Então, porém, primeiro, antes de chegar, apareceram-nos os detalhes. Porque, se se encontrou uma moedazinha por aí, a gente a agarrou... Bem, esse é um detalhe. Assim, coisas insignificantes, que não se acredita que seja prova. Esses são os detalhes. Então, se começamos por aí, o ego vai morrendo. Vai-se desnutrindo e vai morrendo. Isso é inevitável!
Essa é a morte verdadeiramente e eu a encontrei profundamente; porque, como o ensinou o Mestre, não é que eu queira saber mais, porque, como eu lhes digo, ele falou de morrer de instante em instante, de momento em momento, está relacionado com isso dos detalhes. Faltou-lhe esclarecer, não mais, para ter entendido isso, porém, ele estava sobre isso.
O Mestre Judas chamas este trabalho: “Polir, polir, polir e polir”.
P. – Isso também se pode fazer igual com os pensamentos?
V.M. – É que com tudo, é que com tudo. Aí se aplica a morte em marcha. Aflorou um detalhe desses: “Mãe minha, desintegra-me este defeito!”.. Em seguida, em seguida, não esperar para amanhã ou depois, senão, em seguida, instantaneamente, porque a Mãe Divina, com seu poder, como estes são detalhes, não são tão fortes, desintegra-os com facilidade.
P. – Porém sempre, à noite, fazer uma análise também disso, ou não?
V.M. – Não! Durante o dia, dê-lhe, à morte em marcha, dê-lhe! Não se ponha a perder mais tempo, senão dê-lhe de instante em instante, de momento em momento, e verá.
P. – Isso é branquear o latão?
V.M. – Branquear o latão, para que a luz possa brilhar.
P. – Mestre, às vezes, quiçá, falta vontade para trabalhar com essa inquietude, com essa gana. Como podemos fazer para ativar essa vontade para essa rebeldia?
V.M. – Estar atento em si mesmo. Quando alguém se esquece de si, comete erros. Estar atento sempre em si. Do contrário nos esquecemos, e aí vêm quantidade de erros nossos.
Então, está entendido o que é a morte em marcha? E como se vai eliminando o ego? Como lhe vamos tirando a potência? A força?
P. – Quem sabe, houve um erro ou algo que nós tivemos muito tempo, e é que durante o dia houve um trabalho deficiente e quisemos deixar tudo para a noite?
V.M. – Não, não, não! Isto é de instante em instante, como diz o Mestre Samael. Essa é uma verdade! Estar atento em si mesmo, e que acontece? Vai-se despertando consciência em seguida, não se esquecer de si mesmo. É um exercício muito bom.
P. – Ou seja, que isto substituiria o trabalho que sempre temos feito da morte do ego?
V.M. – É que, olhe, a mim me chamou muito a atenção isso, porque eu penso muito na humanidade, como chegar a impulsioná-la. Isso me fez investigar muito, porque todo mundo fala da morte e quer morrer. E por que não morreu nenhum? Então isso me chamou muito a atenção. Claro, faltava aplicar este trabalho, porque assim, assim em bruto como o entregou o Mestre, “acabar com a ira, com o orgulho”, não! Ninguém o vai acabar! Ninguém o vai acabar assim!
Como se compreende a ira, o orgulho, se tem milhares de manifestações diminutas que se crê que não é nada? E, sim, é, porque daí se está alimentando o ego.
P. – E temos que saber de onde vem um detalhe? Se é ira, ou orgulho ou não importa?
V.M. – Não importa! Você pede à Mãe Divina instantaneamente: “Desintegra-me este defeito, já!”.
P. – Temos que imaginá-lo, Mestre?
V.M. – Segundo a manifestação do detalhe, pede-se à Mãe Divina. Não temos que imaginar nem de onde vem nem para onde vai e fazer consciente a petição. Imaginar que a Mãe Divina o desintegrou. Isso!
P. – Mestre, porém, não terá que ser um pouquinho... como que sentir o que se acaba de fazer, não? Porque, se a gente o faz todo mecânico...
V.M. – Claro, estando atento em si mesmo, a gente se dá conta de qualquer detalhe que assome ou se manifeste.
P. – Ou sente como um pouquinho de arrependimento?
V.M. – Claro, no momento em que se pede à Mãe Divina, ter essa certeza de que o eliminou; ter essa segurança, é fé na Mãe Divina.
O Mestre Samael... Por exemplo, lá foi um missionário, e lhe disse: “De todos os meus estudantes, o único que está morrendo é Joaquín; que, sim, está morrendo de verdade”.. Porém, eu estava morrendo era com todos esses detalhes. Eu não estava vendo o grande, não, senão todos os detalhes. E a isso devo a consciência que tenho, a esse trabalho. Então, eu não estou falando de uma teoria, senão do que fui vivendo, não? Do que fui vivendo, nada mais.
P. – E o senhor, Mestre, se me permite uma pergunta, o senhor, depois, com esses detalhes, depois se dedicava a estudá-los mais profundamente ou somente com este trabalho diário era suficiente?
V.M. – É que, olhe, um detalhe destes, diminutos, isso não tem muita força. Então, a Mãe Divina instantaneamente o desintegra. Já desintegrado, não temos que quebrar a cabeça, pensando nesse detalhe, não. Ter certeza que a Mãe Divina o eliminou, o desintegrou.
P. – Sim, porém, a meditação sobre a morte do ego que se vai fazer ou também tem que ser feita à noite, seria sobre os defeitos gordos?
V.M. – Olhe, vou explicar-lhe essa parte que é muito importante. Eu nunca fiz essa meditação. Não a fiz. Por quê? Porque nós vamos morrendo por etapas, por dimensões.
Aqui fazemos uma limpeza. Ponhamos um exemplo. Você pega uma camisa branca, suja. Você a limpa na primeira ensaboada, ou a ensaboa e depois lhe dá outra, até que branqueia?
Bem, isso somos nós com o ego, exatamente igual, igual. Não é numa só que se vai ficar branco, porque temos que advertir que o eu-causa está aí e o eu-causa não é desintegrado com esse trabalho. O eu-causa é desintegrado conscientemente e é o último trabalho que se tem que fazer. Então, nós vamos é por etapas.
P. – O senhor também ia ao mundo astral para trabalhar com os eus, depois?
V.M. – Temos que trabalhar aqui, no astral, no mental e por último no causal; tudo em ordem, porque nós, nestes trabalhos, por exemplo aqui, vamos resgatando muita consciência que então nos permite mover-nos à vontade em outras dimensões conscientemente e fazer nosso trabalho.
P. – Então, como se combina este trabalho de instante em instante, que, creio, vamos entendendo, como o que nos dizia o senhor também, e o Mestre Samael, de nos dedicar unicamente a um só ego?
V.M. – Eu cometi esse erro, não me dá pena dizê-lo, de elemento por elemento, porém, eu não tinha em conta esses detalhes, porque, enquanto isso, eu não acreditava nesses detalhes. Agora que descobri como é a morte, então isto nos deixa quieto, porque se está dando é a todo o ego, a todo: ao orgulho, cobiça, luxúria, vingança, tudo! Em geral a tudo o que nos apareceu, pam! Dê-lhe, dê-lhe, dê-lhe e aí vai morrendo.
P. – É trabalhar todos ao mesmo tempo?
V.M. – Com tudo o que apareça!
P. – Porém, por exemplo, já na alquimia, por exemplo, a qual nos dedicaríamos?
V.M. – Na alquimia... Por exemplo, existem detalhes que a Mãe Divina não alcança desintegrar, porque são fortezinhos. Então, na alquimia, a gente vê que esse elemento seguiu se manifestando, na alquimia, então se pede à Mãe Divina a desintegração desse elemento.
P. – Hoje, por exemplo, Mestre, perdoe-me a insistência, porém, isto é muito importante para nós...
V.M. – Não ! É que isto é importantíssimo! É a nossa base!
P. – Então, hoje esse detalhe forte foi de orgulho. À noite, no trabalho da alquimia, peço pelo orgulho. Porém, amanhã, suponhamos, é da inveja. Então, peço pela inveja?
V.M. – Ao que lhe apareça! Ao que lhe apareça, não tenha você exceção, senão com tudo o que nos apareça!
P. – Como o Mestre Samael falava de que... eu não quero debulhar muito isto, perdoe-me, que quero insistir muito, porém, falava de caçar dez lebres ao mesmo tempo e tudo isto...
V.M. – Sim, porém, então, como se vai numa ordem, não cinco ou dez nos vão molestar duma vez, senão é um. Você dá a esse detalhe.
P. – No dia seguinte saiu um detalhe de outro ego?
V.M. – Outro sai ou pelo tempo que seja.
P. – Não, porém, já nos referimos agora ao trabalho da alquimia.
V.M. – Então vai-se dando ao que se vê que insiste. Dá-se-lhe na alquimia.
P. – É como ir rebaixando todos os egos?
V.M. – Tudo, tudo, tudo vai morrendo no tronco. O ego em si vai morrendo todo, porque vai perdendo toda a força.
P. – Se alguém, por exemplo, vê que o que mais tem, ou algo que tem muito forte, é a autoconsideração, por exemplo, não? Que lhe aparecem muitos detalhes durante o dia, aparecem por aí, então se deveria dar a todos os defeitos, porém, centrar-se mais, por exemplo, na alquimia, na autoconsideração?
V.M. – Olhe, não é que olhe, um defeito que a gente sempre tem, o principal, falemos, manifesta-se. Pois a esse se lhe dá.. Cada vez que se manifeste, dá-lhe, dá-lhe, e dá-lhe e dá-lhe! Ao que mais insista, vai-se-lhe dando. Quantas vezes se queira manifestar, dá-lhe, assim.
P. – Porém, acontece isto, Mestre, por exemplo, a frouxidão, por isso estamos aqui, não? Porque somos muito frouxos para trabalhar. Quando nos propomos a trabalhar com a frouxidão, ativamo-nos, fazemos práticas uma semana, todas as práticas que queiramos, e depois chega de novo essa passividade.
V.M. – Olhe, essa passividade vem, que é quando se provoca uma noite, entra uma noite dentro de nós, quando se fica quieto, é pelas práticas mal feitas, mal feitas.
Quando se faz uma prática e nos dá resultado, então se pega mais força, provoca-se um novo amanhecer dentro de nós. Porém, se a fazemos mal feita, como não se encontra resultado, vem a passividade, a preguiça, não? Temos que fazer sempre as práticas com concentração.
Nenhuma prática, das que foram dadas pelo Mestre, nenhuma falha. Falhamos nós, porque estamos fazendo uma prática aqui e pensando por lá, no negócio, em qualquer coisa. Então, não há concentração, não pode dar resultado a prática; não pode dar.
Então, são as falhas. Não se dedica o momento ao que se está fazendo e, como lhes dizia eu agora, no diário viver, em seu trabalho físico, vai-se dedicando seu tempo. Então, é uma educação que se vai recebendo duma vez.
P. – Aproveitar a vida diária?
V.M. – Diária, diária!
P. – Pôr a vida diária em função do morrer?
V.M. – Claro!
P. – Ao invés de outra coisa?
V.M. – Sim !
P. – Um pouco de orientação, que, podemos dizer, e, bem... e ter todos... é que se nós estamos fazendo uma prática de morte do ego, uma hora diária, que não é suficiente, porque temos que estar fazendo prática de morte do ego de instante em instante...
V.M. – Momento em momento! Estejamos em nosso trabalho, estejamos em nosso negócio, falando com uma pessoa que seja, aí nós temos que estar, para ver que elemento psíquico se pode manifestar aí ou se está manifestando.
P. – Com uma hora por dia, não vamos morrer?
V.M. – Não, não, não, não, não! É todo o tempo, se é que se quer morrer. Todo o tempo, não se cansar.
P. – Nesse caso já deixaríamos a prática da morte do ego, ficaria à parte, porque estaríamos trabalhando todo o dia, não?
V.M. – Todo o dia.
P. – E a outra, a deixamos à parte?
V.M. – Esta outra, por exemplo, que trabalhamos, porque no-la deu o Mestre, essa fica à parte, porque estamos entendidos é com tudo, com todos os derivados dos elementos psíquicos.
P. – Porém, poderíamos dedicar essa prática, ocorre-me, a esse defeito ou a esse detalhe mais forte, tratar de compreendê-lo um pouco mais profundamente?
V.M. – Não ! Ao que insista, pois, dá-se-lhe na “torre” duma vez. Quantas vezes queira insistir, dá-lhe, porque numa dessas tem que morrer. Tem que morrer!
P. – Esta prática da meditação da morte do ego, deixa-la-íamos fora dos cursos ou temos que explicá-la?
V.M. – Pois eu creio que isso é perder o tempo. Isso é perder o tempo.
P. – Então, esse exercício retrospectivo, de quando se manifestou um defeito na infância?
V.M. – Com esse trabalho não se necessita de nada disso. Estar de instante em instante, de momento em momento.
P. – Isso é mais direto?
V.M. – Sim.
P. – Esta é uma revolução completa do morrer?
V.M. – Sim, uma revolução! Pois eu, esse sistema o tive desde quando comecei; porém, eu acreditei que todo mundo trabalhava o mesmo. Agora, vendo, pela correspondência, que tanta gente, quase todo mundo... “que a morte, que a morte, que não sei que”... E ninguém morrer? E disse: Este assunto por quê? Pois claro, vão ao grosso e aos detalhes os deixam; e aí é onde se alimenta o ego, sim? Essa é a conclusão a que cheguei eu.
P. – Vamos. Se, por exemplo, alguém, durante o dia, alguns desses detalhes que se vê, que por algum mal que se fez, por algo, sente dor ali por dentro... depois, a sós em sua casa, em seu aposento, deveria de... muitas vezes, que surge de nós, não? De centrar-se mais nesse defeito, ver como saiu, pedir por ele, seguir pedindo à Divina Mãe por esse defeito que durante o dia...
V.M. – Não! Estar em alerta de si mesmo, para quando queira voltar a se manifestar, dá-lhe! Assim é melhor. Assim se deixa de cometer erros, e se está morrendo. É que quando a gente se esquece de si, aí está o problema, pois, cometem-se erros.
P. – Detalhes, temos que entender que são qualquer coisinha?
V.M. – Diminutos. Coisas diminutas.
P. – Uma pessoa nos fala. Sorrimos de uma forma assim como auto-suficiente. Isso é um detalhe. Interrompemos a outro quando vai falar. É outro detalhe?
V.M. – Vejam, isso, no interno, por exemplo, é gravíssimo. Por exemplo, vocês estão conversando os dois aí. Chego eu: blá, blá, blá... como que me dando de muito importante e lhes corto a conversa a vocês. Ai, ai, ai! Castigo nos aplicam! Castigo!
A mim não me dá pena contar, porque me castigaram por imprudências assim, e duro.
Uma vez estava o Mestre conversando com outro Mestre na Igreja Gnóstica. Eu estava em meu trabalho, pois eu sempre, todas as noites me cabe trabalhar, quando me esqueci de perguntar algo ao Mestre, e me fui para a igreja. Entrei. O Mestre estava conversando com outro; e, com o afã de voltar ao meu trabalho: Mestre, que, blá, blá, blá... “Ajoelha-te aí!”.. Na metade do salão da Igreja Gnóstica ajoelhado, três horas.
Entravam e saíam os Mestres e os demais condiscípulos meus e me olhavam aí como uma estampilha na metade do salão aí.
Depois de três horas foi que me levantou o castigo e disse: “E é para que... você não é mais importante que esse senhor que estava falando comigo, não sei quê....”.
Bem, me pegou, porém, que ralhada tão horrível, depois de três horas ajoelhado. Lá nos dão uma disciplina muito rígida. Muito!
P. – E por que não se traz essa disciplina ao físico, Mestre? Por exemplo, se recebemos esses castigos lá, por que não trazemos isso ao físico?
V.M. – Porque, olhe, é que ao se despertar, quando se volta ao corpo, desperta, e com um braço que mova ou se mova, já perdeu a recordação. Temos que despertar; sabe-se que se despertou, abriu os olhos, feche os olhos e trate de recordar, e verá que recorda, sim! Porém, como a gente se move, já perdeu a recordação.
P. – No Centro de Frankfurt, perguntam se este mantram Raom-Gaom, para recordar os sonhos, se isso é recomendável ensiná-lo ou é uma perda de tempo?
V.M. – Olhe, o melhor mantram é o que lhes estava dizendo: Não se mover. Nem uma mão nem nada. Quieto e feche os olhos e trate de recordar e aí se lembra tudo.
P. – Mestre, também com respeito à morte, isto que nos diz o Mestre Samael, de que a luxúria se trabalha toda a vida, associada com outro defeito. Como devemos entendê-lo?
V.M. – Toda a vida, toda a vida. A luxúria são milhares e milhares de demônios.
P. – Como qualquer outro?
V.M. – Sim, o mesmo, igual, ou melhor dito, não há exceção dos nossos defeitos. Todos têm o mesmo alimento, suas ramificações, manifestações diminutas. Por exemplo: Há uma dama aí. Eu lhe pus o meu braço. Que é? Um detalhe, uma manifestação de luxúria aí está. Ah! Dar a mão à dama, apertá-la, é uma manifestação da luxúria. Sim, é que não, não, não, são milhares e milhares de detalhes e em tudo se manifestam.
P. – Que não são somente fatos externos, senão também pensamento ou impulsos ...
V.M. – Não, não, não, não! Lançar um galanteio a uma mulher pela rua, por aí, já isso é um detalhe de luxúria.
P. – Diz-se para uma amiga: “Que linda estás hoje!”.
V.M. – Já aí está.
P. – E a gente pensa que isso não é.
V.M. – Não, sim, é!
P. – Ou não se diz nada e se pensa?
V.M. – Porém, pensa, Sim?
P. – Isso é o que o Mestre Samael queria, que a vida fosse edificante e dignificante. Isso é, elevar o...
V.M. – Sim, sim!
P. – Que trabalho é necessário para o traço psicológico?
C. – Ela quer saber o traço psicológico principal, o traço característico que se tem que buscar.
V.M. – Buscá-lo. Bem, com este trabalho já praticamente aí vai. Entra-se como um soldado, enfrentando um grande exército, para se defender. Ao primeiro que assomou, a esse se lhe deu. Sim? Aí se lhe deu!
C. – Deve ser terrível essa batalha!
V.M. – Essa é a Grande Batalha de que fala a Bíblia. Essa é a Grande Batalha! Um contra milhares e tem que se jogar o tudo pelo tudo aí.
P. – E essa solidão que se sente nesse trabalho! Isso, às vezes, pensa-se que se está pondo...
V.M. – Não. E há vezes em que a gente se sente abandonado pelas hierarquias e de todo o mundo; abandonado totalmente. Sente-se e se vê. E se é no interno, é pior lá. Lá, sim, é notório, porque se vai por seu caminho. Nem Mãe Divina, nem hierarquias, nem ser humano nem nada. É totalmente só. Totalmente.
P. – No interno?
V.M. – No interno. Porém, sim, existe alguém... melhor dito, todos têm as vistas postas sobre nós. Todas as hierarquias, porque não é que se esteja abandonado, a gente se sente e se vê abandonado. Porém, mentiras! Abra alguém a boca e peça auxílio, para que veja. Instantaneamente tem a ajuda. Porém, a gente se vê só totalmente.
P. – E como se manifesta isso fisicamente aqui? A vida se torna...
V.M. – Bem, aqui há iniciações, por exemplo, em que se volta todo mundo contra. Para mim até a mulher, os filhos, os gnósticos, todo mundo me voltou as costas.
Eu enfermo numa cama, e sem um centavo com que me curar, com que comprar nem uma pastilha. E eu durei vários dias, meses, melhor dito, nesse estado. E aí é onde a nossa mente nos ataca por todo lado.
Recordo-me que o ego me dizia: “Onde estão as hierarquias de que tanto falas? Onde estão teus amigos, onde estão os gnósticos? Deixa disso!”. Sim, assim, porém, claro. Ouve-se tudo.
Você sabe, enfermo, estendido numa cama, sem poder caminhar, sem um centavo, e até a mulher e os filhos voltados contra. Ah! Todo mundo, ninguém me visitava. Ah!... E aí, para acabar de completar, por exemplo, já se aborreceram muito de me ter aí, e foram e me levaram ao hospital de Ciénaga. Botaram-me aí de caridade e não voltaram para me ver. Ninguém! É duro, é duro, porque então aí o ego aproveita esses momentos para nos querer tirar do ensinamento, fazer-nos ver que as hierarquias, isso é palha, que os gnósticos, que a Gnose, que isso foi inventado por um homem... Enfim, todas essas coisas, porém, uma série de coisas que nos chegam.
P. – Que nos podem tirar?
V.M. – Sim, nos podem tirar.
P. – Mestre, as práticas que temos postas nos grupos, que fazemos em grupo, de morte do ego, como poderíamos então agora fazer para enfocá-las?
V.M. – Bem, podem segui-las, porque o calor do grupo dá força; podem segui-las assim, não? Porque, sempre a união faz a força. Necessita-se dessas reuniões, todas essas coisas, porque têm mais ou menos os mesmos fins. Então, formam uma força que nos serve individualmente a cada um.
P. – Porém, já haveria temas que já se poderia não ensinar?
V.M. – Por exemplo, este tema para mim é básico e fundamental para todos os grupos, todo estudante. O que queira morrer que comece por aí, do contrário não morre nunca. E aí está a prova: Quanta gente de vinte, trinta anos, vivinhos! Por quê? Porque trabalhavam como o havia indicado o Mestre sem se recordar dos detalhes. Não havia quem, em realidade, explicasse os detalhes. O Mestre o explicou, porém, muito diferentes os termos: “Morrer de instante em instante, de momento em momento”. Ele o explicou, porém, então não entendíamos.
P. – Fundamentalmente é lançar-se de cheio, dar-se limão a todas as horas, não? Como se diz, ou negar-se a si mesmo em todo momento, não?
V.M. – Olhe, para a gente se negar, necessita-se haver-se conhecido muito bem. Quando se sabe que não se é nada, é uma sombra, é um lixo ante as hierarquias, é quando se desperta e nos cabe entrar nos templos sagrados, o que nos dá remorso, nos dá vergonha de nós mesmos, de ver que, por onde se passa se deixa a mancha. Então, aí a gente se dá conta que não se é nada, porém, nada! Sim? Dá vergonha para nós, como que nos arrependemos de nós mesmos, de ver a situação em que estamos ante as hierarquias.
Então, aí, sim, começa-se verdadeiramente a compreender que não se é nada, e então, a rechaçar todas essas vaidades e todas essas nossas coisas ilusórias, que fazem ilusão em nós.
P. – Porém, muitas pessoas, Mestre, por exemplo, com isto de que nós não somos nada, então formam um problema. Há um problema físico, sim, coisas da vida. Dizem: “Isso não tem importância! Total, não somos nada. Para que nos identificar com essas tolices da vida?”.
V.M. – É que se deve atuar de acordo com a dimensão onde nos encontramos, porque aqui temos problemas físicos, resolvê-los fisicamente, claro!
P. – Não deixá-los assim, assim como veio, se vai...
V.M. – Não, não, não, não !
Observem agora, por exemplo, aqui na Colômbia. Eu fiz um curso de diplomacia, muito bem feito, nos mundos internos, e tirei boas qualificações, como diplomata. Utilizei a diplomacia aqui, fisicamente, no Movimento. Que estava acontecendo? O Movimento ia para baixo, todo, porque então se aproveitam disso para fazer maldades e fazer tudo, cada qual o que lhe dá na gana.
Então, agora me coube, e na vez anterior, na outra Assembléia, lhes disse: Vou manejar o Movimento com vara de ferro! Isso deve estar gravado. E comecei a manejar com vara de ferro. Por quê? Porque já estavam abusando demasiado. Então, neste mundo nos cabe desenvolver-nos assim. A diplomacia prejudica. É melhor a verdade duma vez, já!
Foram milhares de estudantes os que se foram aqui, à pique, na Colômbia, porque mandei fazer uma revisão geral e isso ficou em nada. Os que estavam em ordem, ficaram, e os que estavam em sua desordem e queriam fazer da Gnose o que lhes dava na gana, fora com eles! Uma escolha.
Eu lhes falei muita da seleção e ninguém lhe quis dar bolas, não, à seleção. Agora que se fez uma seleção, tirou-se uma quantidade de lixo, e fica o que mais ou menos se vê que possa servir. E assim, assim é.
O Movimento Gnóstico, não se imagine nenhum de vocês, nem se façam ilusões, de que é quantidade, não! Buscamos uma qualidade. Pode ser um, um só, nada mais. Porém, a qualidade é a que vale, não a quantidade.
À quantidade se entrega o conhecimento, como obrigação nossa; porém, o que não aproveitou, não aproveitou. Já!
Como foi agora, dias, por exemplo, tínhamos uma reunião no tribunal. A ordem máxima foi: “O que esteja contra o Espírito Santo, pecando contra o Espírito Santo, e contra o Cristo, ao abismo!”.. Ordem da máxima autoridade de lá.
P. – Toda a humanidade ou gnósticos?
V.M. – O que caia, gnóstico ou não gnóstico. Então me pareceu muito dura, pareceu-me demasiado cortante. Então apelei, porque me recordei de que existem pessoas que têm muita boa intenção e estão começando a trabalhar, não? E querem verdadeiramente superar-se.
Então lhes disse eu: Não estou de acordo com essa ordem, porque há pessoas que estão começando agora mesmo um trabalho, que chegaram ao conhecimento e estão começando um trabalho. Então, a essas pessoas não se pode mandá-las ao abismo. Em vez de mandá-las ao abismo, devem ser ajudadas em todo o sentido, para que essas pessoas possam verdadeiramente surgir, ou, senão, não surgiria ninguém!
Aceitaram, aceitaram-me a sugestão que lhes fiz, porque me pareceu muito duro.
P. – Mestre, referente a esta pergunta. Em nosso grupo, na Alemanha, temos uma dama, que é da Fase B Avançada, e ela ficou praticamente bloqueada aí, porque ela diz, ela não faz o segundo fator, porque, de acordo com ela, ela tem que ser um pouquinho melhor, pura, no sentido de mais limpa, para fazer o segundo fator. E eu lhe disse: “Temos que começar a fazer esse segundo fator; porém, conhecendo-nos, estando atentos à manifestação do eu da luxúria”.
V.M. – É que, olhe, está perdendo o tempo essa dama aí. No caminho é que se acertam as cargas.
P. – Porém, não lhe entra, Mestre, é que não lhe entra!
V.M. – Bem, já um capricho. Porém, honradamente, está perdendo o tempo. Se alguém começa a se preparar, “até que não esteja preparado, não vou entregar o conhecimento à humanidade”, não o entrega nunca. Todos começamos por zero. Temos que começar. O importante é começar já. Todos partimos do zero e estamos no zero, pode-se dizer.
P. – A desculpa dela é que ela diz que não quer ser utilizada, porque se sente como utilizada, que agora somente a utilizam com um só fim, de que seu esposo quer surgir, alçar-se e ela não tem essa chance.
V.M. – Porém, olhe, por que esse complexo das mulheres, bem que nós mesmos temos tido a culpa. Porém, se a mulher tem as mesmas possibilidades do varão, o mesmo, exatamente igual. Até, no caminho iniciático, têm mais preferência as mulheres que nós. Há preferência pela mulher. Então, têm toda a ajuda. E por que então se metem esses caprichos?
Olhemos: Eu sou muito macho, que não sei quê, você que é lunar e que eu, solar! Qual solar? Se eu não fabriquei meus corpos solares, sou lunar, tanto como qualquer velha, como uma mulher, exatamente igual. Então, qual é o positivo e o negativo? Tanto a mulher é negativa, como nós somos negativos também. É exatamente igual. Então, tirem-se esse complexo da cabeça. Tirem-se isso, porque isso está mal.
De modo que, pois, se a gente não fabricou os corpos solares, somos uma dama nos mundos superiores; somos uma dama que usa até saia.
P. – Porém, as mulheres, no interno, são homens?
V.M. – Porque elas, pelo complexo delas, sempre desejam, no fundo delas, ter sido varões. E, então, lá assumem a figura do varão, com os órgãos e tudo do varão. E nós de dama. Imaginem-se vocês o inverso, lá, namorando-nos vocês a nós (riso), não? De verdade, isso é certo.
P. – Porém, esse complexo vem desde crianças, Mestre.
V.M. – No Movimento Gnóstico temos que tirar esse complexo à dama. As damas têm o mesmo direito que nós, exatamente igual.
P. – Também dizem que a mulher não pode chegar aos últimos graus iniciáticos. Isso não é verdade?
V.M. – Pode liberar-se com o corpo feminino, isso não lhe impede, não tem nada. Então Deus, ou as hierarquias, seriam injustas em fazer deficiente à mulher e a nós não. Então não haveria justiça aí, não? Então temos as mesmas possibilidades, o mesmo. Têm que se tirar esse complexo as damas e nos grupos gnósticos explicar isso, para que se vão tirando esse complexo, porque esse complexo, no fundo, as prejudica. Não?
P. – Sim, é certo, Mestre, porque, por exemplo, a mim me agrada ser clara com... agrada-me dialogar com as damas, com os cavalheiros assim à parte, quando me dou conta que, tam! E um dia me agarrei e me dizia: “Que te acontece, fala-me, sou igual que tu!”. Eu me dizia: “A mim me utilizam, eu me sinto utilizada, eu não quero fazer o segundo fator, até que não esteja limpa!”.. Outra coisa, as hierarquias não falam de damas. Por que essa discriminação?
V.M. – Vou dizer-lhes por que não se fala das damas. Porque uma dama que fabricou seus corpos solares, passa a ser um Mestre lá. Ponhamos bem cuidado nisso. Lá não se tem conta a parte feminina, senão é a construção de seu próprio templo, porque passam a ser Mestres. Então, a parte feminina lá se perde, não se tem em conta.
P. – E a masculina também?
V.M. – Sim, também. Sim, porque, se você não trabalha, é uma dama lá. Então, tirem-se esses complexos da cabeça. Tirem-se isso, porque as hierarquias não falam das Mestras ou tal coisas, porque lá é o Mestre fulano de tal, o Venerável Mestre fulano de tal. Pode ser o corpo, aqui, de uma dama, não importa. É o trabalho que se olha e se mede. Isso!
P. – Mestre, em conferências públicas, pelo menos na Espanha, já estamos falando sobre a supra-sexualidade e o trabalho com o segundo fator. Ao longo do temário também se fala em alguns temas, até que se chega ao tema 25 da Fase B, parece-me que é no novo temário, dá-se o arcano. Então, a pergunta é: Se não lhe parece que é um pouco tarde, porque a experiência que estamos recolhendo é que com toda esta informação e os livros do Mestre Samael, porque os lêem, claro, pois as pessoas se lançam a fazer as práticas com o segundo fator.
V.M. – Não, isso temos que lhes dar, a orientação, bem, desde o começo, sobre o arcano, para que não cometam erros. Sim?
P. – Então, o senhor não vê mal que se entregue o arcano prontamente, na Fase A inclusive?
V.M. – Na Fase A, porque o casado tem que ter a orientação, e se não se lhe dá a orientação, comete erros.
P. – Concretamente, um casal, por exemplo, nos delineava, haviam lido – estão na Fase A – haviam lido já algum livro do Mestre Samael e estavam escutando como se falava da sexualidade. Então eles diziam: “Já fazer da sexualidade o que fazíamos antes, pois não nos sentimos a gosto, porque vemos que não é correto”.. Porém, tampouco sabiam como fazer o novo. Bem, neste caso se lhes deu a prática.
V.M. – Claro!
P. – Porém, existem alguns instrutores muito reacionários para falar em público, em seguida, destes temas. Mais para o final...
V.M. – Não, isso se pode dar menos da metade da Fase A. Entregá-lo, porque isso é uma necessidade.
P. – Sobretudo às pessoas que estão casadas, que já podem começar a praticar?
V.M. – Sim, explica-se aos casados e solteiros, porque essa é uma base e não a podemos calar.
P. – Creio que há uma orientação sua que me parece muito razoável: Que um homem a dê aos homens e uma mulher às mulheres.
V.M. – Sim.
P. – Para que haja mais confiança?
V.M. – Sim, mais confiança, mais confiança, claro! Sim, isso sim, fica bem!
P. – Mestre, já o senhor sabe como somos gulosos. Se o senhor já está cansado...
V.M. – Olhe, eu os convido, se querem, às seis da tarde, porque eu quero aproveitar o tempo ao máximo; pode ser às cinc
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