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31/07/2010

A ESSÊNCIA

Do livro: Tratato de Psicologia Revolucionária

Autor: SAMAEL AUN WEOR

Capítulo: IV

A Essência

O que torna belo e adorável todo menino recém-nascido é sua Essência; esta constitui em si mesma sua verdadeira realidade...

O crescimento normal da Essência em toda criatura é certamente muito residual, incipiente...

O corpo humano cresce e se desenvolve de acordo com as leis biológicas da espécie. Entretanto, tais possibilidades resultam por si mesmas muito limitadas para a Essência.

Inquestionavelmente, a Essência só pode crescer por si mesma, sem ajuda, em um grau muito pequeno.

Falando francamente, diremos que o crescimento espontâneo e natural da Essência só é possível durante os primeiros três ou quatro anos de idade, isto é, na primeira etapa da vida.

Em geral se pensa que o crescimento e o desenvolvimento da Essência se realizam de forma contínua, de acordo com a mecânica da “evolução”; mas sempre de forma contínua, de acordo com a mecânica da “evolução”; mas o Gnosticismo Universal ensina claramente que isto não ocorre assim.

A fim de que a Essência cresça mais, algo muito especial deve acontecer, há que se realizar algo novo...

Quero referir-me, de forma enfática, ao trabalho sobre si mesmo. O desenvolvimento da Essência só é possível à base de trabalhos conscientes e sofrimentos voluntários.

É necessário compreender que estes trabalhos não se referem a questões de profissão, bancos, carpintarias, serralheria, conserto de linhas férreas ou assuntos de escritório.

Este trabalho é para toda pessoa que haja desenvolvido a personalidade; trata-se de algo psicológico.

Todos nós sabemos que temos dentro de nós mesmos isso que se chama Ego, Eu, Mim Mesmo, Si Mesmo...

Desgraçadamente, a Essência se encontra engarrafada dentro do Ego, e isto é lamentável.

Dissolver o Eu Psicológico, desintegrar seus elementos indesejáveis, é urgente, inadiável, impostergável. Este é o sentido do trabalho sobre si mesmo.

Nunca poderemos libertar a Essência sem desintegrar previamente o Eu Psicológico.

Na Essência estão a Religião, o Buda, a Sabedoria, as partículas de dor de nosso Pai que está nos Céus e todos os dados de que necessitamos para a Auto-Realização Íntima do Ser.

Ninguém poderia aniquilar o Eu Psicológico sem eliminar previamente os elementos inumanos que trazemos dentro de nós.

Necessitamos reduzir a cinzas a crueldade monstruosa destes tempos, a inveja, que desgraçadamente veio a converter-se na mola secreta de nossas ações, a cobiça insuportável que tornou a vida tão amarga, a asquerosa maledicência, a calúnia que tantas tragédias origina, a embriaguês, a imunda luxúria que age tão mal, etc., etc., etc...

À medida que todas essas abominações forem sendo reduzidas a poeira cósmica, a Essência, além de emancipar-se, crescerá e se desenvolverá harmoniosamente.

Inquestionavelmente, quando o Eu Psicológico morre, resplandece em nós a Essência.

A Essência livre confere-nos beleza íntima, e de tal beleza emanam a felicidade perfeita e o verdadeiro Amor...

A Essência possui múltiplos sentidos de perfeição e extraordinários poderes naturais...

Quando “Morremos em Nós Mesmos”, quando dissolvemos o Eu Psicológico, gozamos dos preciosos sentidos e poderes da Essência.

30/07/2010

O Simbolismo do Natal

O simbolismo esotérico do Natal.............5?


(Gênesis 1,27)

Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher.

No que consiste a Religião ? Acaso não é a união com o nosso Divino?

O amor uni.

O amor é a união.

e o amor infinito é o Cristo.

Somente por Cristo se chega(uni) ao Pai(Deus).

Pensem por um instante no Cristo Íntimo no mais profundo de cada um de vocês, senhor de todos os processos mentais e emocionais, lutando por salvá-los, sofrendo terrivelmente; os próprios Eus de vocês protestando contra Ele, blasfemando, pondo-Lhe a coroa de espinhos, açoitando-O. Bem, esta é a crua realidade dos fatos, este é o Drama Cósmico vivido interiormente.
Finalmente, este Cristo Íntimo subiria ao Calvário, isto é óbvio, e baixa ao sepulcro, com sua morte mata a morte, isto é a última coisa que faz. Posteriormente ressuscita no Iniciado e o Iniciado ressuscita n'Ele.
Então a Grande Obra está realizada, "consummatum est". Assim têm surgido através dos séculos Mestres Ressurrectos; lembremos um Hermes Trimegisto, um Moria, grande Mestre da Força do Tibet, lembremos o Conde Cagliostro, que ainda vive, e Saint-Germain, que em 1939 visitou outra vez a Europa. Este Saint-Germain trabalhou ativamente nos séculos 17, 18 e 19 e, entretanto, continua a existir fisicamente, é um Mestre Ressurrecto.

Por que são Mestres Ressurrectos? Porque, graças ao Cristo Íntimo, obtiveram a Ressurreição. Sem o Cristo Íntimo, a Ressurreição não seria possível.
Aqueles que supõem que pelo simples fato de morrer fisicamente alguém já tem direito à Ressurreição dos Mortos são realmente dignos de compaixão; falando outra vez em estilo socrático, não apenas ignoram mas, o que é ainda pior, ignoram que ignoram.
A Ressurreição é algo pelo qual se tem de trabalhar, e trabalhar aqui e agora, e é preciso ressuscitar em carne e osso (e ao vivo). A Imortalidade deve-se conseguí-la agora mesmo, pessoalmente; assim se deve considerar todo o Mistério Crístico.
Todo o Drama Cósmico é em si mesmo extraordinário, maravilhoso, e se inicia realmente com o Natal do Coração.
O que vem a seguir relacionado com o Drama, a fuga para o Egito, quando Herodes manda matar todos os meninos e Ele tem de fugir, tudo é simbólico, totalmente simbólico.
Dizem (num Evangelho Apócrifo) que Jesus, José e Maria tiveram de fugir para o Egito, tendo permanecido vários dias vivendo sob uma figueira, e que desta figueira saiu um manancial de água puríssima - é preciso saber compreender isto : esta figueira representa sempre o sexo; dizem ainda que se alimentavam do fruto desta figueira, os frutos da Árvore da Ciência do Bem e do Mal. A água que corria puríssima, que saía desta figueira, é nada menos que o Mercúrio da Filosofia Secreta.

Quanto à decapitação dos inocentes, muito se tem escrito sobre isso. Nicolas Flamel deixou gravadas nas portas do cemitério de Paris cenas retratando a degola dos inocentes. Por que essa cruel degola dos inocentes? Não obstante, isto é também muito alquímico, todo Iniciado tem de passar pela decapitação.
Mas o que é que o Cristo Íntimo tem de decapitar em nós? Simplesmente deve degolar o Ego, o Eu, o Si Mesmo, e o sangue que emana da decapitação é o Fogo, é o Fogo Sagrado pelo qual o Iniciado tem de purificar-se, limpar-se, branquear-se; tudo isso é profundamente esotérico, nada pode ser tomado "ao pé da letra".
A seguir vêm os feitos milagrosos do grande Mestre. Caminhava sobre as águas, [como] sobre as Águas da Vida tem de caminhar o Cristo Íntimo. Abrir a visão dos que não vêem, predicando a palavra para que vejam a luz; abrir os ouvidos dos que não querem ouvir, para que escutem a palavra.

Quando o Senhor já cresceu no Iniciado, tem de tomar a palavra e explicar a outros o que é o caminho, limpar os leprosos; não há ninguém que não esteja leproso, essa lepra é o Eu, Ego pluralizado, essa é a epidemia que todos levam dentro de si, a lepra da qual devemos ser limpos.

Os que estão paralíticos não caminham ainda pela Senda da Auto-Realização, o Filho do Homem deve curar os paralíticos para que andem rumo à montanha do Ser.

Há que compreender tudo isto de forma mais íntima, mais profunda; isto não corresponde a um passado remoto, é para ser vivido dentro de nós mesmos aqui e agora.

Se começamos a amadurecer um pouquinho, saberemos apreciar melhor a mensagem que o Grande Kabir Jesus trouxe à Terra.

fonte deste texto:

29/07/2010

O que é ego E como eliminá-lo

O Ego é a segunda natureza existente na nossa psicologia. É a nossa parte mais grotesca, nossa parte animal, que infelizmente se constitui em 97% da nossa psicologia. A essência se constitui apenas em 3%, porém está adormecida, inconsciente... Então a conclusão disto tudo é que passamos a vida toda adormecidos, achando que vivemos em plena consciência.

Vivemos a vida do ego, com suas preocupações, preconceitos, ranços, invejas, maledicências, orgulhos, luxúria, vaidades, materialismos, enfim os nossos pecados capitais; ou vivemos de lembranças do passado ou de planos para o futuro, e esquecemos de viver o momento presente, o agora, o exato instante.

Mas por que isso acontece?

O Ego se manifesta através dos nossos pensamentos. Vocês já se perguntaram porque a mente é tão ativa, quantos milhares de pensamentos nos atordoam a todo instante?

Por que mudamos tantas vezes de opinião de um determinado assunto?

Por que quanto mais pensamos em um problema, mais nos enrolamos nele? E quando deixamos de pensar e ouvimos a nossa intuição os problemas se resolvem como num passe de mágica?

Cada pensamento destes vem de uma criatura pensante que nós mesmos criamos. O Ego se utiliza da nossa mente para agir, e é exatamente aí que alimentamos nossos defeitos quando damos ouvidos à eles.

Se formos atrás de cada um de nossos pensamentos erramos fatalmente, pois não temos apenas uma mente, um ponto de apoio, e sim milhões delas, somos multi pontos, cada qual querendo nos conduzir para um lado diferente. Então em quem confiar? Precisamente em nenhum deles, pois todos nossos pensamentos nos conduzem ao erro.

O Pai, nosso Real Ser não pensa e não se comunica conosco através dos pensamentos. ELE se comunica através da INTUIÇÃO. É urgente sabermos “ouvir” A VOZ DO CORAÇÃO.

E isso só é possível quando atingimos o SILÊNCIO MENTAL. É impossível se comunicar com o Pai, ouvir-Lhe em meio ao emaranhado dos nossos pensamentos.

Aí que entram as práticas da morte do ego, que consiste exatamente em eliminar os nossos pensamentos, tirar o alimento do ego, tirar de cena os pensamentos para que a mente silencie e possamos nos guiar através da nossa intuição, que é nossa comunicação direta com o Pai.

Este trabalho da Morte do Ego é exatamente o que dizia Jesus Cristo com o “ Negue a si mesmo”, negar essa segunda natureza existente em nós mesmos. O nosso principal inimigo é interno, os nossos próprios defeitos, os nossos próprios pensamentos.

A PRÁTICA DA MORTE DO EGO.

Em primeiro lugar, vamos começar a usar um dos nossos sentidos que está atrofiado devido a mecanicidade trazida pelos nossos pensamentos, que é a CONCENTRAÇÃO.

Façamos assim: quando nos propomos a executar uma tarefa, procuremos nos concentrar ao máximo sempre buscando o SILÊNCIO MENTAL. Devemos usar um ponto de apoio para a concentração, que pode ser as batidas do coração, o som sssss da glândula pineal ou até mesmo a respiração. Qualquer pensamento que nos vier tirar a concentração, é um pensamento involuntário, está em lugar e hora errada, então é defeito, e deve ser eliminado, seja ele pensamento bom ou ruim, é defeito. Então no exato instante que o pensamento intervir, suplica-se deste modo: “ MÃE DIVINA, DESTRUA ESTE DEFEITO, DESINTEGRE-O!” A Mãe Divina ou Nossa Senhora é uma de nossas partículas Divinas, responsável por essa limpeza, pela eliminação dos nossos defeitos, e Ela com sua Espada nos limpará de todos esses defeitos, que se constituem de nossos pecados capitais e todas suas ramificações.

fonte deste texto:

A Oração de São Francisco de Assis



Oração pela Paz


Atribuída a São Francisco de Assis



Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz.

Onde há ódio, que eu leve o amor.

Onde há ofensa, que eu leve o perdão.

Onde há discórdia, que eu leve a união.

Onde há dúvida, que eu leve a fé.

Onde há erro, que eu leve a verdade.

Onde há desespero, que eu leve a esperança.

Onde há tristeza, que eu leve a alegria.

Onde há trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado;

compreender que ser compreendido;

amar que ser amado.

Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,

é morrendo que se vive para a vida eterna.


Onde se lê:
"é morrendo que se vive para a vida eterna. "
Encontramos uma alusão à prática da morte do ego pluralizado.
Porque, o morrer significa a morte do ego dentro de nós mesmos.

28/07/2010

A MANIFESTAÇÃO DA VIRTUDE OU CONSCIÊNCIA ATIVA

Deus é eterno e suas virtudes também são.

Toda virtude é contínua, isto é, elas são independentes dos eventos.

O perdão, A paciência, O amor, e todas as outras virtudes, são constantes.

O perdão existe antes, durante e depois, dos acontecimentos, das situações.

Todas as virtudes se manifestam conjuntamente e de maneira constante.


No que é perfeito não existe aperfeiçoamento, não existe a evolução.

Deus não necessita evoluir pois é perfeito.


Nenhuma virtude nasce das circunstâncias; As adversidades apenas servem como prova, como nota de como andamos e de como nos comportamos.


O importante é a manisfetação da virtude; da consciência em nós.



Ela por si mesma é consciente e vive sabiamente. É o próprio Deus vivente em nós mesmos.



Infelizmente a maior parte de nossa consciência se encontra aprisionada pelo ego pluralizado.


A prática da morte do ego pluralizado se torna fundamental quando queremos o resgate do restante de nossa consciência aprisonada.

E a parte livre que temos não se manifesta continuamente. É necessário manifestá-la através da prática do estudo de si mesmo.

Quando estudamos a nós mesmos o que vamos conseguir com isto é colocar a nossa consciência em ação. Pois é ela quem estuda.

Assim através da prática do estudo de nós mesmos, nossa consciência permanece ativa, entra em atividade.


27/07/2010

O EQUILíBRIO CRISTÃO E A MORTE DO EGO PLURALIZADO

(São Mateus 6,34)

Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado (AFÃ).

Isto é uma prática de equilíbrio.

Jesus nos ensinou para que nós pratiquemos no dia a dia.

Não preocupação com o futuro deve ser entendido como uma forma de equilíbrio cristão.

Com esta prática de Jesus podemos alcançar o equilíbrio.

O equilíbrio é fundamental sem ele não é possível nascer de novo.

Toda preocupação origina o desperdício de energias tais energias são necessárias para o nascer de novo e carregar a cruz.

O equilíbrio também proporciona, como é natural, a saúde física.

Visto a importância e os benefícios desta prática convém agora que nos aprofundemos nos estudos e na aplicação desta prática em nossa vida.

O interessante desta prática é ver como ela está interligada com a santidade.

Medo é um tipo de preocupação que tem por principal autor o ego pluralizado.

Na verdade toda preocupação provém, origina-se, do ego pluralizado.

É fundamental praticar a morte do ego pluralizado quando toda e qualquer preocupação se manifeste.

Evidentemente que quando não estamos preocupados, nós nos encontramos em um estado de concentração.

Em tudo o que fazemos temos que usar a concentração.

A concentração é uma prática, e podemos aplicá-la em todas as nossas atividades diárias com o fim de desenvolve-la em nós.

O ideal é fazer um coisa de cada vez, nisto consiste a concentração, aqueles que tentam dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo acabam por perder a sua concentração.

Existem outros métodos com os quais podemos conciliar no nosso trabalho de equilíbrio.

Um que quero mencionar bem interessante e até útil dependendo do caso.

Ele poderia ser chamado até de um tipo fuga.

Um exemplo para que possam entender:

É caso de muitas pessoas a ponto de estourarem com os outros se distanciam rápido ou correm para o bar.

( é claro que não pretendo aconselhar bebidas alcoólicas apenas cito um exemplo desastroso afim de logo em seguida mostrar um outro exemplo relacionado de modo oposto).

Aqui vimos um conflito, no entanto preocupações são conflitos também. E podemos amenizar o impacto das preocupações com a fuga. A fuga aqui vale dizer ocupar o tempo com outras atividades como exemplo um passeio, nadar, cozinhar, etc. enquanto não vem o que pretendemos que aconteça ou então o que temos medo que aconteça.

Muitos preferem fazer luto isto é fazer nada diante de um fato muito preocupante. O interessante é notar que fatos já terminados, concluídos, onde sabemos que cedo ou tarde viríamos por alguns instantes a se esquecer por completo, ficam martelando por enquanto na nossa psíque de forma intensiva com perguntas de como poderia ter evitado? ou realmente se sentindo culpado ou então pergunta como será o futuro de agora em diante?.

É realmente temos aí um grande gasto de energia e isto está fora do equilíbrio e da concentração.

O que vale aqui é o esforço a favor do equilíbrio da concentração e preservação da energia, já que vale reforçar que precisamos dela para nascer de novo e carregar a cruz.

Toda preocupação robustece o ego pluralido e faz que nós nos tornemos cada vez mais degenerados.

E isto é grave, pois sabemos que a medida que vamos nos degenerando vamos também nos afastando de Deus.

É importante frear as preocupações com a morte do ego. Desta morte surge a consciência e ela é o amor verdadeiro.


25/07/2010

O Publicano e o Fariseu por Samael aun Weor

Do livro: Tratato de Psicologia Revolucionária

Autor: SAMAEL AUN WEOR

Capítulo: XXVII

O Publicano e o Fariseu

Refletindo um pouco sobre as diversas circunstâncias da vida, bem vale a pena compreender
seriamente as bases sobre as quais descansamos.

Uma pessoa descansa sobre sua posição, outra sobre o dinheiro, aquela sobre o prestígio, aquela outra sobre seu passado, outra ainda sobre tal ou qual título, etc.

O mais curioso é que todos, sejamos ricos ou mendigos, necessitamos de todos e vivemos de
todos, ainda que estejamos inflados de orgulho e vaidade.

Pensemos um momento no que podem tirar-nos. Qual seria nossa sorte em uma revolução
sangrenta? Como ficariam as bases sobre as quais descansamos? Ai de nós! Cremo- nos muito fortes e somos espantosamente débeis!

O “Eu” que sente em si mesmo a base sobre a qual descansamos deve ser dissolvido, se é que em realidade desejamos a autêntica bem-aventurança.

Tal “Eu” subestima as pessoas, sente-se melhor que todo o mundo, mais perfeito em tudo, mais rico, mais inteligente, mais esperto na vida, etc.

Resulta oportuno citar agora aquela parábola de Jesus, o Grande Kabir, acerca dos dois homens
que oravam. Foi dita para os que confiavam em si mesmos como justos, e menosprezavam aos outros.

Jesus, o Cristo, disse: “Subiram dois homens ao templo para orar; um era Fariseu, o outro,
Publicano. O Fariseu, de pé, orava consigo mesmo desta forma: “Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens, ladrões, injustos e adúlteros, nem como o Publicano que está ali. Jejuo duas vezes por semana e pago a décima parte dos meus lucros”. O Publicano, porém, mantendo-se a distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador”. Digo-vos que este voltou para casa justificado, e não o outro, porque todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado” (Lucas, XVIII, 10-14).

Começar a dar-se conta da própria nulidade e miséria em que nos encontramos é absolutamente impossível enquanto exista em nós esse conceito do “mais”. Exemplos: eu sou mais justo que aquele, mais sábio que Fulano, mais virtuoso que Sutano, mais rico, mais esperto nas coisas da vida, mais casto, mais cumpridor dos deveres, etc.

Não é possível passar através do buraco de uma agulha enquanto sejamos “ricos”, enquanto
exista em nós esse conceito do “mais”.

“É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no reino de
Deus”.

Isso de que minha escola é a melhor e de que a do próximo não serve, isso de que minha religião é a única verdadeira e todas as outras são falsas e perversas, isso de que a mulher de Fulano é uma péssima esposa e a minha é uma santa, isso de que meu amigo Roberto é um bêbado e eu sou um homem muito judicioso e abstêmio, etc; isso é o que nos faz sentir ricos, motivo pelo qual somos todos como os “camelos” da parábola bíblica, com relação ao trabalho esotérico.

É urgente auto-observar-nos de momento em momento, com o propósito de conhecer claramenteos fundamentos sobre os quais descansamos.

Quando alguém descobre aquilo que mais o ofende em um dado momento, o incômodo que lhe
deram por tal ou qual coisa, então descobre as bases sobre as quais descansa psicologicamente.

Tais bases constituem, segundo o Evangelho Cristão, “as areias sobre as quais cada um edificou
sua casa”.

É necessário anotar cuidadosamente como e quando se desprezou aos outros, sentindo- se superior,
talvez devido ao título ou à posição social, ou à experiência adquirida, ou ao dinheiro, etc.
É grave sentir-se rico, superior a Fulano ou a Siclano, por tal ou qual motivo. Gente assim não
pode entrar no Reino dos Céus.


É bom que cada um de nós descubra em que se sente lisonjeado, em que é satisfeita sua vaidade;isso virá mostrar-nos os fundamentos sobre os quais nos apoiamos.

Contudo, tal classe de observação não deve ser uma questão meramente teórica, devemos ser
práticos e observarmo-nos cuidadosamente, em forma direta, de instante em instante.

Quando alguém começa a compreender sua própria miséria e nulidade, quando abandona os
delírios de grandeza, quando compreende quão néscios são tantos títulos, honras e vãs superioridades sobrenossos semelhantes, é sinal inequívoco de que já começa a mudar.

Uma pessoa não pode mudar se se aferra a coisas como “minha casa”, “meu dinheiro”, “minhas
propriedades”, “meu emprego”, “minhas virtudes”, “minhas capacidades intelectuais”, “minhas capacidadesartísticas”, “meus conhecimentos”, “meu prestígio”, etc.

Isso de aferrar-se ao “meu” e a “mim” é mais que suficiente para nos impedir de reconhecer
nossa própria nulidade e miséria interior.

É de assombrar o espetáculo de um incêndio ou de um naufrágio: então as pessoas, desesperadas, se apoderam muitas vezes de coisas que causam riso, coisas sem importância.

Pobres pessoas! Sentem-se nessas coisas, descansam nessas bobagens, se apegam a isso que não
tem a menor importância.

Sentir a si mesmo por meio das coisas exteriores, fundamentar-se nelas, equivale a estar em um estado de absoluta inconsciência.

O sentimento da “Seidade” (O Real Ser) só é possível dissolvendo todos esses “Eus” que levamos em nosso interior; antes, tal sentimento resulta absolutamente impossível.

Desgraçadamente, os adoradores do “Eu” não aceitam isto, eles se crêem Deuses, pensam que já possuem esses “corpos gloriosos” de que falara Paulo de Tarso, supõem que o “Eu” é divino, e não há quem
lhes tire esses absurdos da cabeça.
Não se sabe o que fazer com tais pessoas, se lhes explica e não entendem; sempre aferradas às
areias as quais edificaram sua casa, sempre metidas em seus dogmas, seus caprichos, suas necessidades.

Se essas pessoas se auto-observassem seriamente, verificariam por si mesmas a doutrina dos
muitos, descobririam dentro de si mesmas toda essa multiplicidade de pessoas ou “Eus” que vivem em seu interior.

Como poderia existir em nós o real sentimento de nosso verdadeiro Ser, quando esses “Eus”
estão sentindo por nós, pensando por nós?

O mais grave de toda essa tragédia é que a pessoa pensa que está pensando, sente que está
sentindo, quando, em realidade, é outro o que em um dado momento pensa com nosso martirizado cérebro e sente com nosso dolorido coração.

Que infelizes somos! Quantas vezes cremos estar amando, e o que acontece é que outro dentro de nós, dentro de si mesmo, cheio de luxúria, utiliza o centro do coração.

Somos uns desventurados, confundimos a paixão animal com o amor, e, contudo, é outro dentro de nós mesmos, dentro de nossa personalidade, quem passa por tais confusões.

Todos pensamos que jamais pronunciaríamos aquelas palavras do Fariseu na parábola bíblica:
“Deus, te dou graças porque não sou como os outros homens”, etc.

Não obstante, e ainda que pareça incrível, procedemos assim diariamente. O vendedor de carne no mercado diz: “Eu não sou como os outros açougueiros que vendem carne de má qualidade e exploram o povo”.

O vendedor de tecidos na loja exclama: “Eu não sou como os outros comerciantes que sabem
roubar ao medir e que se enriqueceram”.

O vendedor de leite afirma: “Eu não sou como outros vendedores de leite, que o misturam com água. Gosto de ser honrado”.

A senhora de casa comenta em uma visita o seguinte: “Eu não sou como Fulana, que anda com
outros homens. Graças a Deus sou pessoa descente e fiel a meu marido”.

Conclusão: os demais são malvados, injustos, adúlteros, ladrões e perversos, e cada um de nós é uma mansa ovelha, um “Santinho de Chocolate”, bom para servir de menino de ouro em alguma igreja.


Quão néscios somos! Pensamos sempre que nunca fazemos essas bobagens e perversidades que
vemos os outros fazerem, e por tal motivo chegamos à conclusão de que somos pessoas magníficas.

Desgraçadamente, não vemos as bobagens e mesquinharias que fazemos.

Existem momentos estranhos na vida em que a mente repousa, sem preocupações de espécie
alguma. Quando a mente está quieta, quando a mente está em silêncio, então advém o novo.

Em tais instantes é possível ver as bases, os fundamentos sobre os quais descansamos.

Estando a mente em profundo repouso interior, podemos verificar por nós mesmos a crua realidade desta areia da vida, sobre a qual edificamos a casa (Veja-se Mateus, VII, 24-29; parábola que trata dos dois cimentos).